Michele Karine Carvalho Carneiro da Cunha

Hard skills e soft skills no mercado jurídico: O equilíbrio essencial para a advocacia contemporânea

Postado em 22 de outubro de 2025 Por Michele Karine Carvalho Carneiro da Cunha Advogada, inscrita na OAB/PE sob o nº 64904, graduada em Direito pela AESO e pós-graduada em Direito Civil e Processo Civil pela UNINASSAU. Psicanalista clínica e didata, com sólida formação humanística e técnica, integra a prática jurídica à escuta qualificada, o que fortalece sua atuação na mediação e resolução de conflitos complexos. Professora nas disciplinas de Direito Civil e Processo Civil. Possui ampla atuação nas áreas de Direito de Família e sucessões e Direito Imobiliário assim como toda área cível, com foco especial em demandas que envolvem alta carga emocional e questões técnicas. Reconhecida pela abordagem estratégica, ética e interdisciplinar, destaca-se como profissional comprometida com a justiça, a escuta e a transformação de realidades por meio do Direito.

Introdução

Em um cenário jurídico cada vez mais dinâmico e competitivo, as exigências sobre o perfil do advogado moderno vão muito além do domínio das normas legais. O exercício da advocacia, hoje, requer um conjunto de competências que ultrapassam o aspecto técnico, envolvendo também habilidades comportamentais e interpessoais que impactam diretamente a forma de atuação e o relacionamento com clientes, colegas e instituições.

A OAB, como entidade representativa da advocacia brasileira, tem papel fundamental em fomentar essa reflexão sobre o desenvolvimento integral do profissional do Direito aquele que alia técnica, ética e humanidade. É nesse contexto que surge a importância de compreender e desenvolver as hard skills e soft skills, dois pilares complementares da competência profissional contemporânea.

1. Hard Skills: o domínio técnico e objetivo do saber jurídico

As hard skills correspondem ao conjunto de habilidades técnicas, mensuráveis e diretamente relacionadas à execução das atividades jurídicas. São o alicerce da formação do advogado e incluem competências como:

* interpretação e aplicação da legislação;

* elaboração de peças processuais e contratos;

* oratória jurídica e sustentação oral;

* pesquisa jurisprudencial e doutrinária;

* domínio de ferramentas tecnológicas e sistemas processuais digitais.

O domínio dessas habilidades é indispensável para o exercício seguro e eficaz da advocacia. Em um ambiente jurídico que se digitaliza rapidamente, o advogado precisa dominar também ferramentas tecnológicas desde plataformas de peticionamento eletrônico até softwares de gestão de processos e inteligência artificial aplicada ao Direito.

2. Soft Skills: a dimensão humana do exercício profissional

Se as hard skills representam o “saber fazer”, as soft skills traduzem o “saber ser”. Elas englobam atitudes, comportamentos e capacidades emocionais e sociais que influenciam a maneira como o advogado se comunica, negocia e lidera.

Entre as principais soft skills esperadas no meio jurídico, destacam-se:

* empatia e escuta ativa;

* inteligência emocional;

* capacidade de negociação e mediação de conflitos;

* trabalho em equipe e liderança colaborativa;

* adaptabilidade frente às mudanças;

* pensamento crítico e visão estratégica.

Essas habilidades são essenciais em um tempo em que o advogado não é apenas o detentor do conhecimento jurídico, mas também o mediador entre o Direito e a vida em sociedade. A capacidade de compreender as necessidades humanas por trás de cada demanda jurídica diferencia o profissional que atua com sensibilidade e propósito.

3. A integração entre técnica e comportamento: o novo perfil do advogado

O mercado jurídico atual valoriza, cada vez mais, o profissional completo aquele que alia excelência técnica à maturidade emocional e relacional. Escritórios e departamentos jurídicos buscam advogados capazes de comunicar com clareza, conduzir negociações com equilíbrio e oferecer soluções práticas e inovadoras.

Essa integração entre hard e soft skills é também um diferencial competitivo. Advogados que se destacam não são apenas os que dominam a norma, mas os que sabem aplicá-la com empatia, ética e visão estratégica. A capacidade de ouvir o cliente, traduzir juridicamente sua necessidade e entregar uma solução viável é, hoje, um dos maiores sinais de competência.

4. O papel das instituições e o compromisso com o desenvolvimento contínuo

Cabe às instituições jurídicas, incluindo a OAB, universidades e escritórios, estimular o desenvolvimento dessas competências de forma equilibrada. É fundamental que os programas de capacitação e educação continuada contemplem não apenas o conhecimento técnico, mas também as habilidades interpessoais, comunicacionais e emocionais que fortalecem a atuação ética e eficiente.

O advogado deve enxergar o aprendizado como um processo permanente. Em um mundo em constante transformação, o desenvolvimento profissional é um exercício contínuo de atualização, autoconhecimento e aperfeiçoamento.

Conclusão

A advocacia moderna exige mais do que o domínio da lei: exige humanidade, empatia e visão. As hard skills sustentam o conhecimento técnico, enquanto as soft skills fortalecem a conexão humana e a capacidade de transformar o Direito em instrumento de justiça social.

Unir razão e sensibilidade é, portanto, o verdadeiro desafio do advogado contemporâneo e também sua maior virtude.

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