A prevenção e a conscientização sobre o Câncer de Mama impulsionaram a criação do movimento global conhecido como Outubro Rosa. O objetivo é difundir informações sobre sinais e sintomas para que se possa obter o diagnóstico precoce, detectar e combater a doença nos estágios iniciais aumentando as chances de cura. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo todo. Para o triênio 2023-2025, o INCA estimou cerca de 73.610 novos casos da doença, que já vitimou mais de 20 mil mulheres no Brasil, sendo considerado um importante problema de saúde pública no país. Receber um diagnóstico de câncer de mama pode ser bem desafiador, inclusive se a mulher também enfrenta uma jornada intensa como mãe atípica. Esse cenário pode demonstrar uma dupla vulnerabilidade na vida dessa mulher.
A Sobrecarga Silenciosa: Fatores de Risco e a Negligência do Autocuidado na Maternidade Atípica
O debate sobre maternidade atípica relacionada à prevenção do Câncer de Mama, torna-se essencial se observarmos a rotina extenuante de mães que cuidam de filhos com deficiência. A jornada de cuidados pode resultar em desgastes físicos e emocionais. Para a mãe atípica, o autocuidado precisa estar incluído no seu cotidiano, ainda mais se houver probabilidades dessa mulher desenvolver câncer de mama ao longo da vida. Todavia, a sobrecarga que essa mãe vivencia pode desencadear diversas situações tais como:
O Diagnóstico de Câncer e a Vivência de Duas Jornadas de Luta
Quando uma mãe atípica descobre que tem câncer de mama, ela não enfrentará apenas uma doença considerada grave, mas a confrontação de duas realidades delicadas – seu tratamento e o do filho. Nesse contexto a doença pode impor desafios que, a priori, podem ser difíceis de lidar. O tratamento da doença, por exemplo, demandará tempo para consultas médicas, medicações, quimioterapias, radioterapias, cirurgias e exames clínicos em geral. Tudo isso pode tornar a mulher ainda mais vulnerável física e emocionalmente. Sentimentos como o medo, a insegurança, traumas mediante a dor física, solidão, angústia podem surgir durante a jornada em busca da cura. Makluf, Dias, Barra (2006) afirmam
Por isso, é necessário promover cuidado e acolhimento para essa fase da vida da mulher. Não só porque ela já vivencia uma trajetória de luta que a própria maternidade atípica impõe, mas também porque ela precisará de todo suporte possível. Esta dupla vulnerabilidade: Maternidade Atípica e Câncer de Mama exigirá que o poder público e a sociedade reconheçam:
Essas são algumas ações que visam reduzir essa dupla vulnerabilidade e permitir que essa mulher consiga ter estabilidade emocional para que não “desmorone” e acabe comprometendo seu tratamento e sua recuperação. Diante disso é fundamental que o poder público em parceria com instituições privadas de saúde e a sociedade reconheçam essa realidade e adotem medidas, como exemplo as citadas anteriormente, assim como outros mecanismos de proteção e cuidado para todas as mulheres diagnosticadas com câncer de mama, em especial, às mães atípicas.
Em suma, o cuidado da mãe atípica é primordial principalmente na luta contra o câncer de mama. Enfrentar o tratamento contra a doença e o tratamento do filho com deficiência exigirá dessa mãe esforços maiores e só com suporte emocional, financeiro e social que essa dupla jornada poderá ser trilhada com mais tranquilidade. A sociedade e o poder público precisam reconhecer a vulnerabilidade promovendo políticas e redes de apoio que garantam a continuidade do cuidado entre mãe e filho, sem negligenciar a recuperação e o bem-estar de ambos. Somente com um olhar profundo de empatia e de inclusão será possível assegurar o cuidado integral da mulher no combate ao câncer de mama.
Referências Bibliográficas
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