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Advogadas empreendedoras: Como começar a carreira?

Postado em 14 de julho de 2025 Por Inácio Feitosa Advogado, escritor e diretor-geral da Editora da OAB-PE. Autor dos livros Demita seu chefe e vá empreender e O Poder das Mulheres Empreendedoras.

Você terminou a faculdade de Direito, pegou sua carteira da OAB, e agora se pergunta: “E agora? Por onde eu começo?”
Se o seu desejo é empreender, montar o seu próprio caminho e não depender de escritório alheio ou de um concurso que pode demorar anos, saiba: esse é um caminho possível — mas realista. E, principalmente, um caminho que precisa ser trilhado com estratégia, coragem e visão.

Muitas advogadas recém-formadas se veem cheias de vontade, mas travadas pela insegurança: será que devo começar sozinha? Devo me associar a alguém? Preciso alugar uma sala ou posso trabalhar de casa? Será que posso empreender já, mesmo sem clientes?

Essas dúvidas não são fraqueza — são o retrato da falta de orientação prática que a maioria dos cursos de Direito ainda oferece. Foi justamente pensando em realidades como essa que escrevi o livro O Poder das Mulheres Empreendedoras, que será lançado em setembro, com prefácio da amiga e presidente da OAB-PE, Ingrid Zanella. Embora a obra não trate da advocacia, seus princípios dialogam diretamente com todas as mulheres que desejam tomar as rédeas da própria vida profissional — inclusive aquelas que estão começando agora no Direito.

No livro, mostro que empreender não é sobre sorte, nem sobre esperar que tudo esteja pronto. É sobre decisão, construção, consistência e independência emocional. Um dos pilares centrais da obra é: começar de onde você está, com o que você tem, mas com estratégia. Isso vale totalmente para você, advogada que está no ponto zero da sua trajetória.

Empreender na advocacia é, antes de tudo, um exercício de clareza. Você precisa entender que não se trata apenas de advogar bem. É preciso saber prospectar, atender, gerenciar, comunicar e sustentar seu negócio. É por isso que defendo no livro, com força, o princípio da autonomia com consciência: não basta ser livre, é preciso saber o que fazer com a liberdade.

Ao abrir um CNPJ, muitas advogadas se perguntam por onde começar. O formato mais comum é a sociedade unipessoal de advocacia, normalmente enquadrada no Simples Nacional. Essa escolha impacta diretamente sua tributação e obrigações fiscais. Ter uma contadora que compreenda a rotina jurídica é um investimento necessário para garantir que sua base seja sólida.

A dúvida sobre ter ou não uma sócia também aparece. Dividir despesas parece sensato no início, mas sociedade exige afinidade, diálogo, contratos bem escritos e alinhamento de expectativas. Muita gente se associa por impulso e se arrepende. No livro, defendo o que chamo de escolha ativa: tomar decisões baseadas no seu perfil, e não na pressa ou no medo. Sociedade é construção consciente.

Outra decisão prática é se você irá atuar em tudo ou escolher uma área para se especializar. No início, é comum atender qualquer tipo de caso — o que é compreensível. Mas, com o tempo, escolher uma área traz mais foco, autoridade e eficiência. Em meu primeiro livro, Demita seu chefe e vá empreender, mostro que quem fala com todo mundo não impacta ninguém. Isso vale também para a advocacia.

A estrutura do trabalho também conta. Escritório físico transmite mais formalidade, mas tem um custo alto. Home office, quando bem organizado, pode funcionar muito bem, especialmente no início. O que importa é que o atendimento seja profissional, o ambiente seja acolhedor e a comunicação com a cliente seja clara. No livro, defendo o princípio de empreender com identidade: montar um negócio fiel à sua realidade, mas sem abrir mão da qualidade.

Sua presença digital também importa. Um perfil bem estruturado no Instagram ou LinkedIn pode ser mais eficaz do que cartões de visita impressos. Compartilhar conteúdo jurídico, tirar dúvidas, mostrar sua atuação com ética e firmeza te coloca no radar das pessoas certas. No começo, você pode se sentir tímida ou insegura, mas mostrar seu trabalho faz parte do processo de se consolidar no mercado.

Outro ponto essencial é a organização financeira. Muitos negócios não prosperam porque as finanças estão misturadas com a vida pessoal. Separe contas, registre entradas e saídas, tenha controle sobre seus custos. No livro, reforço que liberdade financeira exige disciplina e consciência emocional sobre o dinheiro — especialmente no início, quando as contas apertam e a ansiedade bate.

Minha sugestão é também que você se aproxime da OAB-PE. A Ordem oferece muito mais do que obrigações. Existem comissões temáticas, projetos, eventos e redes de apoio que são fundamentais para quem está começando. Você conhecerá outras mulheres que estão passando pelas mesmas fases, poderá aprender com elas, e também compartilhar o que sabe. A advocacia se fortalece no coletivo.

E, finalmente, escreva. Sua visão de mundo, suas ideias e reflexões merecem ser publicadas. A Editora da OAB Digital está aberta a artigos de opinião, experiências práticas e debates jurídicos. Quando aprovados, os textos são publicados com certificado emitido pela OAB-PE, pela UPE/FCAP e pela própria Editora. Isso não apenas valoriza seu currículo, mas também amplia sua presença e voz no cenário jurídico. Para enviar seu artigo, acesse www.editoradaoabdigital.org.br.

Empreender como advogada recém-formada não é fácil. Mas é possível. E, mais que isso, é necessário para quem deseja autonomia. Você vai errar, vai ajustar, vai aprender. E tudo isso faz parte. Como digo no livro: coragem não é ausência de medo. Coragem é agir apesar do medo, com planejamento, apoio e propósito.

A advocacia está mudando. E mulheres como você são protagonistas dessa mudança. Que você encontre no empreendedorismo não apenas uma alternativa, mas um caminho de construção, realização e identidade.

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