INTRODUÇÃO
A desinformação, marcada pela propagação de notícias falsas e discursos de ódio nas redes sociais, tem provocado sérias consequências na convivência social e na segurança pública. Em Pernambuco, esse fenômeno tem se manifestado de forma preocupante, especialmente em episódios de violência envolvendo torcidas organizadas, que utilizam as mídias digitais para marcar confrontos e espalhar provocações antes dos jogos. Casos registrados no Recife e Região Metropolitana revelam que a manipulação de informações nas plataformas virtuais contribui para o aumento de agressões físicas e simbólicas fora dos estádios. Assim, o combate à desinformação em Pernambuco exige ação conjunta entre o poder público, os meios de comunicação e a educação, com foco na formação crítica dos jovens e na promoção da cultura de paz.
Desenvolvimento I – A desinformação e seus impactos na realidade pernambucana
Em Pernambuco, a relação entre desinformação e violência esportiva tornou-se um problema social recorrente. A Polícia Civil e o Ministério Público já identificaram grupos de torcidas organizadas que utilizam redes sociais para espalhar boatos, incitar rivalidades e marcar confrontos em locais públicos. Postagens com frases como “vai jorrar sangue” ou “encontro confirmado” circularam em perfis e grupos fechados, servindo como combustível para atos violentos.
Essas ações mostram como a desinformação ultrapassa o ambiente virtual e gera consequências reais, atingindo a imagem dos clubes e colocando em risco a integridade de torcedores e moradores. Além disso, a manipulação de informações reforça estigmas e dificulta a construção de um ambiente esportivo saudável e inclusivo. O fenômeno não se limita aos estádios: ele se espalha nas ruas, escolas e comunidades, afetando a convivência social e o direito à segurança pública.
Desenvolvimento II – Estratégias e políticas de enfrentamento em Pernambuco
O Estado de Pernambuco tem adotado medidas para conter tanto a violência esportiva quanto a desinformação que a alimenta. A Secretaria de Defesa Social (SDS) e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) criaram o Núcleo de Combate à Violência nos Estádios, que propõe o uso de reconhecimento facial e o cadastramento de torcidas organizadas para prevenir confrontos. Além disso, o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) mantém um laboratório de combate à desinformação nas redes sociais, o que reforça o compromisso do Estado com a integridade informacional e a educação digital.
Entretanto, as políticas públicas precisam ser acompanhadas de ações educativas. A inserção da Educação Midiática e em Direitos Humanos no currículo do Ensino Médio é fundamental para capacitar os jovens a reconhecer e denunciar informações falsas. Promover campanhas escolares sobre o uso responsável das redes sociais, a verificação de fontes e o respeito à diversidade é uma forma eficaz de transformar o comportamento social e reduzir os impactos da desinformação no cotidiano.
Desenvolvimento III – O papel da mídia e os desafios do Estado
O combate à desinformação e à violência fora dos estádios em Pernambuco depende diretamente da atuação integrada da mídia e do Estado. A circulação rápida de notícias falsas e conteúdos sensacionalistas em redes sociais exige que órgãos públicos, clubes de futebol e veículos de comunicação atuem de forma coordenada.
Um dos principais desafios do Estado é monitorar e fiscalizar o ambiente digital, identificando postagens que incitem violência sem infringir a liberdade de expressão. Para isso, são necessárias tecnologias de monitoramento, equipes capacitadas e colaboração com plataformas digitais.
Além disso, a educação midiática e a conscientização cidadã se tornam fundamentais. O Estado deve apoiar programas educativos que ensinem jovens e torcedores a identificar informações falsas, a interpretar conteúdos críticos e a entender os impactos da desinformação sobre a segurança e o convívio social.
Conclusão
A desinformação nas mídias digitais tem impacto direto na violência fora dos estádios em Pernambuco, intensificando rivalidades entre torcidas e colocando em risco a segurança de torcedores e da população. Notícias falsas, boatos e conteúdos distorcidos contribuem para a escalada de confrontos, demonstrando que o problema vai além do ambiente virtual e se reflete na vida real.
O enfrentamento desse desafio depende de ação integrada: políticas públicas de monitoramento e fiscalização, responsabilidade das mídias e plataformas digitais, e, principalmente, educação midiática e cidadã para que jovens e torcedores saibam identificar informações falsas e agir de forma responsável.
Portanto, combater a desinformação é essencial para reduzir a violência associada ao futebol em Pernambuco, promovendo segurança, respeito e convivência pacífica, além de transformar as mídias em instrumentos de informação confiável e cidadania.
Referências
CAMPOS, Igor; MELO, Larissa; SANTOS, André. Violência entre torcidas de futebol: um estudo de caso em Recife – Pernambuco. Revista Esporte e Sociedade, Universidade Federal Fluminense (UFF), n. 44, 2024. Disponível em: https://www.periodicos.uff.br/esportesociedade/article/view/66654.
OBSERVATÓRIO SOCIAL DO FUTEBOL. UOL utiliza pesquisa realizada pelo Observatório para evidenciar as dinâmicas das torcidas organizadas. 2025. Disponível em: https://observatoriosocialfutebol.org/2025/02/03/uol-utiliza-pesquisa-realizada-pelo-observatorio-para-evidenciar-as-dinamicas-das-torcidas-organizadas/.
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL DE PERNAMBUCO. Impunidade marca casos de violência fora dos estádios em Pernambuco. Diário de Pernambuco, Recife,10 fev 2024. Disponível em: https://www.diariodepernambuco.com.br/noticias/futebol/sport/2024/02/impunidade.html.
DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Entenda o que está por trás das brigas entre torcidas organizadas. Recife, 15 fev. 2025. Disponível em: https://www.diariodepernambuco.com.br/noticias/futebol/nacional/2025/02/entenda-o-que-esta-por-tras-das-brigas-entre-torcidas-organizadas.html.
COELHO, Thomaz. Relatório previu conflitos entre torcidas organizadas no Recife. CNN Brasil, 3 fev. 2025. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/nordeste/pe/relatorio-previu-conflitos-entre-torcidas-organizadas-no-recife/
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